O Women and Psychoanalysis Comitee (COWAP) faz parte dos comités da IPA e é um dos mais antigos e mais dinâmicos. Criado em 1998 com o intuito de explorar os temas ligados às mulheres, em 2001 ampliou o seu campo, estendendo-se a todos os aspetos do masculino, do feminino e da relação entre eles.
O grupo procura não só um questionamento e elaboração de alguns pontos da teoria psicanalítica e sua consequente revisão e aplicação na prática clínica, mas também a sua aplicação no corpo social.
Deste modo, promove a formação de núcleos em cada sociedade componente da IPA, constituídos por pessoas interessadas nestes temas e que organizam eventos de diversa ordem (colóquios, conferências, publicações, grupos de discussão), coordenando com a Chair do Comité (atualmente, a colega americana Paula Ellman) e com as co-Chairs das regiões a que cada sociedade pertence.
Entrei em contacto com o trabalho do grupo quando iniciei a minha formação na SPP. Mais tarde, depois de me tornar associada, estive presente na conferência COWAP que decorreu em Helsínquia em 2012, na qual conheci a colega finlandesa Elina Reenkola, que era na altura a Chair europeia. Deste encontro, surgiu uma comunicação proveitosa e uma relação criativa, que me permitiu conhecer muitas outras pessoas de muitos países ligadas à COWAP.
Este ano, tive a honra de fazer parte do painel COWAP que teve lugar na mais recente conferência da FEP em Madrid. Numa mesa intitulada “The turmoil of female body”, falei do impacto da gravidez da analista na elaboração da relação das minhas pacientes com o seu próprio corpo, através da emergência das fantasias primitivas acerca do interior do corpo da mãe, suscitada pelo corpo grávido da analista. Nesta mesa estiveram também presentes a mesma colega finlandesa, que falou do sentimento de vergonha associado à gravidez e à amamentação, e uma colega turca, Elda Abrevaya, que falou do trabalho de diferenciação que a mulher precisa de fazer da mãe, através da relação transferencial com a analista, de modo a distinguir o seu corpo do da mãe.
Tivemos uma audiência muito interessada e participativa, que partilhou emotivamente aspetos muito pessoais da sua experiência como mulheres e como analistas, criando um clima seguro e facilitador de um encontro que trouxe um sentimento de ligação profunda entre as pessoas presentes. Nem sempre as mesas redondas ou os grupos de discussão permitem este ambiente e esta é, na minha opinião, uma das grandes mais-valias deste grupo.
O grupo COWAP da SPP, da qual faço parte e que é coordenado pela colega Conceição Tavares de Almeida, encontra-se regularmente para discutir textos à volta de um tema que é selecionado anualmente. Este ano estamos a trabalhar o tema da Bissexualidade Psíquica, como preparação da conferência COWAP que está a ser organizada conjuntamente com o Núcleo Português de Psicanálise e que terá lugar nos dias 6 e 7 de dezembro deste ano, aberto ao público em geral. Esperamos ver os leitores por lá!
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